O monte de S. Silvestre nunca foi tão flagelado como no verão, deste ano,havia pequenos focos de incêndio, numa parte ou noutra, mas, de maneira alguma se podia antever a verdadeira fúria do fogo em que os bombeiros e particulares se mostraram impotentes para o deter. A Casa dos Romeiros de S. Silvestre esteve a um metro de ser alcançada,
A montanha de S. Silvestre está de Luto
o fogo rastejava em labaredas e voava sobre as copas das árvores, os bombeiros de Caminha a uma ordem do Comando tiveram que ir embora para socorrer as habitações da aldeia, o fogo na parte sul, fustigado pelo vento, num ápice desceu a montanha, até ao sopé onde se encontravam as primeiras habitações, e onde várias corporações dos soldados da paz davam tenaz luta às empolgantes chamas, que tentavam engolir tudo na sua frente, lá no alto os mesários e outras pessoas, cortavam árvores, para impedir o fogo de chegar às instalações. Na parte norte, como se tinha feito limpeza na montanha o fogo ardia sem intensidade e não teve forças para galgar a estrada, perto da traseira do Santuário. O monte ficou de luto e triste por ver-se desprovido do seu belo manto verde. No dia 23 de Outubro, nós mesários da Confraria , encontrávamos a fazer os preparativos, para um mega almoço convívio com (340) amigos de S. Silvestre, que se realizou no dia 24 de Outubro, cuja receita reverteu para as obras que estão a ser feitas no recinto do Santuário, quando alguém reparou que dois homens subiam o monte, com enxadas , (sacholas) uma pequena árvore e um pequeno bidão de água, dado a nossa curiosidade e como sempre entendi que qualquer árvore ou planta tem a sua verdadeira identidade e há algo, na sua ligação quando se prende à terra, existe sempre uma proveniência, abordei os Senhores apresentamo-nos e fiquei sensibilizado com o que me foi dito.
Henri Albrecht (Francês) e o seu companheiro que o ajudava , João Samuel Alves da Rocha, Henri Albrecht , Há cerca de dois anos apanhou uma semente de carvalho ( bolota), e semeou-a,a semente germinou, enraizou e nasceu um um pequeno carvalho Portugues, sempre tratado com todos os cuidados requeridos, estava previsto que a jovem arvore seria plantada no monte de S. Silvestre, assim tinham combinado o Henri e o seu amigo Manuel, só que como diz o velho ditado O homem põe e Deus dispõe ou algo assim. Porque uns meses antes, o seu amigo Manuel falecera, sem que tivessem ajudado a plantar a pequena árvore.
Henri dizia com alguma melancolia nas suas palavras, falava, com sotaque da sua língua de origem mas que se compreendia muito bem, na sua voz forte e determinada, apercebia-se alguma afirmação de orgulho, quando dizia “ Esta árvore chama-se Manuel “ e ía dizendo: vivo na Meadela (a cerca de 5Km), com uns binóculos da minha casa, hei-de ver esta árvore. Com o seu gesto nobre, Henri colocou um brilhante no manto do monte que a natureza está a começar a tecer, quando ali bem perto desta árvore recentemente plantada se perderam quase 40 arvores, plantadas à pouco tempo, oferecidas pelo Horto Municipal de Viana do Castelo e que o fogo devorou. Oxalá, que haja mais seguidores que sigam as pegadas de Henri , e que numa visita ao monte tragam uma árvore sobrante do seu quintal, eu farei isso. Algumas características da árvore Manuel Nome popular- Carvalho Norte, Carvalho Portugues(Quercus Fagínea), é uma árvore que pode chegar a 20 metros de altura, folha caduca que fica vermelho torrado,no Outono. Da casca do carvalho faz-se chás para a diarreia, também se utiliza para conjuntivite, faringite, gengivas feridas e pele úlceras na boca ,
Estas indicações são apenas meras informações não servem de receita.
o fogo também rodeou as imagens de granito
Também os penedos limpos do musgo verde e da irosão vegetal, mostram as suas formas primitivas
João Rocha e Henri Albrecht (direita)
Depois da missão cumprida vão descendo o monte, ao fundo vê-se um pinus queimado