Sábado, 29 de Agosto de 2009
CARDIELOS, Recordações Pr.Antoninho

Vagas recordações

 

 


Quando comecei a despontar para a vida e a observar as coisas que me circundavam, como o mexer das árvores, a passagem de um animal, ou as pessoas que buliam comigo nessa altura certamente ainda usava fraldas, mas a figura do Prof. Antoninho,  estava sempre presente porque ele mexia connosco,  interceptava as pessoas que se cruzavam com ele com uma saudação ou um conselho, com a sua voz forte e suave aconchegava as crianças, com palavras doces que elas saboreavam, aquele medo do papão e acanhamento, muito característico na altura, depressa era substituído, pelo sorriso e o aproximar. Era uma pessoa católica praticante e Salazarista, quando Salazar vinha a Viana, era costume o povo de todas as aldeias, deslocarem-se à cidade para o receber, As raparigas levavam os seus trajes do Minho, bordados e apetrechados de lantejolas ( Cardielos é uma terra de bordados), as mulheres de mais idade colocavam o lenço Chinó na cabeça, lenços usados só em ocasiões especiais, sempre cuidadosamente guardados nas grandes caixas ou arcas de madeira de castanho, que fazia parte da mobília da sala . A praça da Republica e ruas próximas, ficavam  inundadas de gente, nos altifalantes, ouvia-se a voz forte e determinada do Prof. Antoninho, Viva, Salazar – Viva Salazar à mistura com algumas palavras alusivas. Amigo de ajudar gratuitamente, dócil, exigente em disciplina. Lembro-me que junto à entrada do portão havia uma pequena escada de pedra que dava para uma salinha, aí, a meia dúzia de rapazes depois das aulas dava-nos algumas explicações  da escola e ensinava-nos latim para nós ajudarmos à missa, naquela altura os nossos pais tinham encargos  nas confrarias e nos dias de semana éramos nós que bem cedo íamos tocar o sino e ajudar o sr. Abade Torres à missa, hoje não é preciso puxar pelas cordas,  o sino toca na hora pré-seleccionada. Lembro-me que certo dia enquanto ele explicava à malta eu distraidamente, estava completamente absorto  das aulas, a pensar que mal saí-se dali, iria para o pega camião, eu explico,  antigamente conhecidas como as curvas de Cardielos  que ainda hoje se pode ver vestígios, a rapaziada apanhava os camiões cá em baixo e íamos pendurados até acabar a subida, isso era feito repetidas vezes.  Voltando às aulas, eu estava com o livro aberto e com lápis de ardósia a mexer em cima do livro sem nexo, como estava ao lado do Professor  sobre observação, manda-me um cachaço que eu aninhei e com o lápis, tal foi o balanço,  furei a folha do livro. Num ápice como gato assanhado, meti o livro na sacola de pano e pirei-me, como no dia seguinte a gente se encontrava na igreja, obrigava-nos de joelho a pedir perdão a Deus pelas nossas maldades, os nossos pais nunca sabiam de nada, senão as coisas complicavam-se para o nosso lado, a soga dos bois era bem mais indesejável.

                O Pai do Pr. Antoninho leccionava, na casa que o Sr. doutor adquiriu, Conhecida como a casa do Professor, o meu sogro tem 92 anos foi dos últimos alunos dele, o meu pai foi dos primeiros alunos do Pr. Antoninho que começou a dar aulas na escola do alto dos Outeiros, hoje é a sede da Associação cultural e recreativa de Cardielos, ele em jeito de saudade falava-me das traquinices, que meu pai fazia no recreio. Conheci as irmãs, Rosinha e Maria das Dores, os pobres que andavam pelas portas,  encontravam sempre uma tijela de caldo para matar a fome, tinha um irmão padre capelão no exército, e outro irmão que vivia  no sul, eu apenas falei com ele umas duas vezes.

Possivelmente o Sr. Doutor Jorge Pereira não relacionou a pessoa do blogue que escreveu “Por favor não calem as fontes” Mas no dia de Páscoa dei-lhe pessoalmente os parabéns pelo bom gosto e sensibilidade como reconstruiu a Casa do Professor, sacrificando algum conforto de características modernas, para conservar as características verdadeiramente genuínas, de uma casa cheia de história, mesmo no que diz respeito aos jardins e à casa da eira, que dantes estava totalmente cheia de estantes de livros, livros que  o Pr. Antoninho nos emprestava.

                Como o texto acima se tornou demasiado extenso como comentário, preferi introduzir nesta forma, como blog, pois trata-se de uma personalidade da nossa terra que merece distinção.

                De momento só encontrei a foto de cima com muita má qualidade, tirada ao público numa altura em que corria uma peça de teatro, eu estava em cena, a pessoa assinalada é o Professor Antoninho.

 



Por favor não calem as fontes

 

 

 


 


sinto-me: a recordar

publicado por J. Alves às 16:44
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Sábado, 22 de Agosto de 2009
CARDIELOS-A cagada da Vaca

 

A CAGADA DA VACA
 
           No dia 16 de Agosto, ocorreu nesta Freguesia, um invento, um tanto ou quanto insólito,
A cagada da vaca , Segundo a pré-descrição apresentada em cartaz, organizado pela mordomia da Senhora do Amparo do lugar da Breia e Igreja - Cardielos, para sortear os bilhetes vendidos, seria da seguinte forma. Todos os bilhetes seriam marcados no chão do recinto do Gino-desportivo, todo vedado com, rede, À 18 horas,  seria introduzida uma vaca, que ali dentro, quando acontece-se fazer as necessidades fisiológicas, o número em que caísse o poio, seria o número premiado, com 250 Euros e o premiado teria que limpar o poio de bosta.
            A bancada do gino desportivo estava semi-repleta, junto à rede de pé estavam muitas pessoas cheias de curiosidade, depois de uma insatisfeita espera, eram 19 horas em carro particular chega a estrela cagona e anunciada nos altifalantes a sua chegada, acompanhada por dois robustos, guarda costas a  vaca foi introduzida, no seu palco de exibição e bem guardada e fechada a cadeado. Era uma vaca inhota galega, madurona, cheia de postura, parou por momentos, fixou o público com ar de superioridade, e qual modelo na passarela, não faria melhor, deu lentamente uma volta ao recinto, com passadas lentas num ritmo sincronizado, deixando protuberantes as tetas, ora para a esquerda ora para a direita, em saliências proporcionais ao balanço do corpo agitado pelo impulso da caminhada, o rabo parecia um limpa para brisas em dias de chuva,  depois de completar a volta parou precisamente junto ao local por onde entrou, aí, estacionou, um longo bocado, levando os assistentes a pensaram que seria ali o grande desfecho, tal não aconteceu, ela levantou ligeiramente o rabinho deixando antever uma espécie de flor rosada, mas em vez do palpite que todos superavam, ela presenteia com uma alagada mijadela, que mais parecia um fluxo de água de tubo de três polegadas, depois de uma continuada inércia sem alterar posição, acabou por arrancar, do estômago alguma chiclete que lá teria guardado, começou a remoer, remoer, as pessoas iam esmoendo as gostosas fêveras que o bar propositadamente aberto, fornecia. Não havia forma de se resolver a situação, o tempo ia passando, às 23 horas (eu já não estava lá) a organização entendeu retirar a vaca porque a maior parte do público também já se tinha retirado, dado à teimosia da vaca em não querer sortear o premiado com uma simples cagadela, segundo foi contado, a vaca mal chegou à privada do seu carro fez um enorme monte nunca visto, trabalho tiveram os seguranças com a limpeza, tudo ficou adiado para o dia 19 quarta-feira, às 21 horas a vaca foi introduzida, no recinto, eu também lã dei uma saltada, mas vi as coisas diferentes, menos pública, a vaca estava mais magra talvez imitando as modelos, tenha sido sujeita a uma intervenção de emagrecimento, pois via-se nitidamente, alguns traços da estrutura do animal, parecia sofrer de anorexia, dado à sua ciosa imobilidade, as pessoas começaram a retirar, eu também não vi o desfecho porque estive pouco tempo, a vaca muito ajuizada teimou em não sujar o recinto do Gino desportivo, foi retirada. Os bilhetes foram sorteados dentro dos costumes antigos. Resumindo, o que todos pensavam ser um jogo de merda, por força da natureza não chegou ser, e talvez não sirva para imitação. 
 
 
 
 
 

               Para se divertir com a vaca carregue  www.youtube.com/watch

 

 


sinto-me: bem

publicado por J. Alves às 22:37
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